🧨 O Ataque de 51% ao Monero

Como tentaram atacar a rede mais privada do ecossistema cripto, usando apenas incentivos financeiros.

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🧨 O Ataque de 51% ao Monero

A tentativa de ataque mais perigosa da história do Monero não envolve hackers, vírus ou falhas no código. Ela apenas paga melhor os mineradores.

Recentemente, o Monero enfrentou uma ameaça inédita: uma pool de mineração chamada Qubic começou a conquistar uma fatia crescente do hashrate da rede — com o risco real de assumir mais de 51% do poder computacional.

Um ataque silencioso, sem bugs ou invasões, mas com implicações profundas para a descentralização e a segurança do protocolo.

🛠️Como funciona o mecanismo do ataque

A Qubic criou uma pool de mineração que em vez de pagar recompensas em XMR (token do Monero), paga em tokens próprios com um bônus de 10% sobre a recompensa tradicional.

Seu modelo econômico também gera uma pressão constante de compra de seu token:

1. Os mineradores direcionam seu poder computacional para a Qubic;

2. A Qubic usa essa força de processamento para minerar XMR;

3. Em seguida, vende o XMR no mercado para recomprar e queimar QUBIC.

Isso faz com que o minerador ganhe nos dois lados:

• Recebe mais QUBIC do que receberia em XMR;

• E ainda se beneficia da valorização do QUBIC causada pelas recompras e queimas.

Por conta disso, nos últimos três meses, a participação da Qubic no processo de mineração da rede saltou de menos de 2% para quase 30% no final de julho de 2025.

🥷 Como seria um ataque de 51% na Monero

De forma aberta e premeditada, Sergey Ivancheglo (criador da Qubic), revelou sua meta: alcançar mais de 51% do hashrate da blockchain entre o início e o fim de agosto de 2025.

Se a Qubic alcançar esse controle, ela passa a poder censurar a rede, rejeitar blocos válidos, reorganizar blocos recentes e impor sua própria ordem na blockchain.

O objetivo alegado por insiders do projeto seria fazer com que todos os mineradores utilizassem a Qubic para minerar a rede: “o objetivo não é causar danos, como reversões de transações, mas fazer com que todos os mineradores da rede se juntem ao pool de mineração QUBIC".

Por outro lado, um ataque de 51% não permite que a Qubic crie novos XMR do nada, nem que ela mexa no saldo das carteiras de outras pessoas.

É uma forma sutil, mas poderosa, de controle.

🎯 O objetivo sempre foi esse

Após anunciar publicamente sua meta de alcançar mais de 51% do hashrate e sofrer uma reação forte da própria comunidade, a Qubic sugeriu seus próximos passos:

• Sumir dos rankings públicos. A pool deixaria de reportar seu hashrate, tornando invisível sua participação real na rede.

• Mudar de endereço. As novas máquinas operariam com um identificador diferente, dificultando o rastreamento.

• Mascarar o tráfego. Shares falsos, pacotes criptografados, ruído proposital: tudo para esconder o volume real de mineração.

Ao operar nas sombras, a Qubic eliminaria seu maior risco: uma resposta coordenada antes que fosse tarde demais.

💰 Incentivos são tão importantes, quanto segurança técnica

No fim das contas, o que ameaçou a segurança do Monero não foram falhas técnicas, mas incentivos econômicos.

Se o lado econômico vai prevalecer ou se a comunidade vai se articular para impedir esse movimento nós não sabemos, mas essa história deixa um recado claro:

Proteger uma blockchain não é só questão de segurança técnica, é questão de desenho econômico. E enquanto houver incentivos financeiros para agir de forma prejudicial ao ecossistema, uma rede não está completamente segura.

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